O jogo da terceira rodada do Campeonato Mineiro entre URT e Cruzeiro acontece hoje na Arena do Jacaré em Sete Lagoas, 21h. É isso mesmo! Conferi agora, de novo, no site da FMF e está lá com todas as letras: URT x Cruzeiro, Estádio Joaquim Henrique Nogueira, a conhecida Arena do Jacaré, em que pese o mando de campo pertencer ao Trovão Azul. Parece mentira, mas é a pura verdade. Arrancaram o mando de campo da URT sem dó.
Desde ontem, quando saiu a decisão lá em Belo-Horizonte, o torcedor Poeira Azul vem manifestando todo o seu repúdio e indignação, como pode ser constatado na página do AG Esporte, em comentários postados no Facebook.
O desfecho de tudo isso foi nessa sexta-feira (5), mas o Cruzeiro já vem mexendo com os “pauzinhos” antes mesmo do início do Campeonato Mineiro. Em um documento datado de 25 de fevereiro, assinado pelo presidente Sérgio Augusto Santos Rodrigues, endereçado à FMF, as prefeituras de Patos de Minas e Uberlândia e mais URT e Uberlândia Esporte Clube, a Raposa já vinha sugerindo a mudança dos locais das partidas, mesmo antes de decretado o novo estágio da região de Patos e Uberlândia, classificadas como integrantes da onda ROXA, a partir do último dia o dia 4 de março.
O próprio Cruzeiro, talvez depois de feito um exame de consciência, recuou do seu posicionamento, tanto é que, sem reclamar, cumpriu o que estava determinado pela tabela do Campeonato e jogou no Parque do Sabiá contra o Uberlândia, na data e horário marcados pela Federação Mineira de Futebol, “sem choro nem vela”.
O resultado da primeira partida foi desastroso, pois o empate em 1×1 só foi conseguido no último minuto do jogo, correndo risco de ser derrotado. Veio a segunda rodada e, mesmo no Gigante da Pampulha, outro baque, ao perder para a Caldense por 1×0.
Aí veio a decretação da onda ROXA, do Programa Minas Consciente, do governo do Estado pois, de fato, os casos de contaminação pela covid-19 e de casos letais aumentaram substancialmente, levando o colapso à area de saúde, com ocupação quase total dos leitos hospitalares.
O clube da capital, em seu legítimo direito, e encontrando respaldo nos tristes números da pandemia, ingressou com um pedido de liminar junto ao TJD para tirar o jogo do Estádio Zama Maciel. De fato, esse é um direito líquido e certo não só do Cruzeiro, mas como de qualquer outra associação filiada à Federação Mineira de Futebol.
Diante disso, entrou em ação a FMF para decidir de que forma seria dada uma solução ao imbróglio. O primeiro passo foi notificar à diretoria da URT para que indicasse um outro local para a realização do jogo e, que segundo a presidente Maria Isabel Pimenta Rocha, não houve como atender, uma vez que o prazo dado pela entidade foi de apenas uma hora.
Por isso, aconteceu a decisão da Federação em marcar o jogo para Sete Lagoas, na Arena do Jacaré, mantendo data e horário. Pura e simplesmente isso. Apontar o novo local, sem que houvesse nenhum ressarcimento das despesas já feitas ou que ainda serão feitas pela URT, em seu deslocamento de praticamente 400 quilômetros.
Ora, sem a presença de torcedor no Estádio, todo jogo é deficitário. Em seu primeiro jogo em casa, contra o Uberlândia, o prejuizo foi superior a R$ 21 mil reais. Para cumprir a partida em Sete Lagoas, além das despesas de arbitragem e de quadro móvel, ainda há os gastos com hospedagem, alimentação, transporte e outros, provocando um volume maior do prejuízo.
Sem contar que a URT está perdendo o seu mando de campo contra o Cruzeiro, passando a atuar cinco ao invés de seis partidas em Patos de Minas. E também ainda o lado técnico, que beneficia naturalmente ao time grande, que é o Cruzeiro, mas sem ter que sair de sua zona de conforto, para um deslocamento até Patos de Minas e gramado e iluminação que podem ter alguma influência.
Os números são claros que o histórico de jogos entre as duas equipes é amplamente favorável ao Cruzeiro. Isso é fato. Tanto é que a URT jamais derrotou o Cruzeiro em competições oficiais.
Mas é evidente que, para qualquer equipe, ainda mais da capital, é melhor jogar em um Estádio com melhores condições e ter que se deslocar poucos quilômetros, a ter que arcar com despesas maiores, até de hospedagem (o que não acontecerá em Sete Lagoas) para atuar no Alto-Paranaíba.
Vencer, perder e empatar são realidades do futebol. Deixa para quando a bola rolar. Mas, o que causa estranheza é um clube ter o seu mando de campo cassado, ter que se deslocar e arcar com todas as despesas, como se a URT fosse a culpada pela pandemia ou pela onda ROXA.
A meu juizo, faltou sensibilidade por parte dos dirigentes do nosso futebol. É um acinte tomar o mando de campo de um clube, forçá-lo a sair de sua cidade para cumprir um compromisso fora e arcando com todas as despesas. Fica parecendo que a URT é a culpada pela onda ROXA ou pela pandemia. Está sendo punida sem ter cometido crime algum.
Acho que temos que separar as coisas. Tirar mando de campo por conta de alguma irregularidade, desrespeito às leis que regem o esporte, tudo bem. Que vá jogar na Conchichina ou onde quer que seja e arque com os prejuizos. Mas, numa situação de pandemia, no mínimo que poderia acontecer, seria um adiamento, para preservar o mando de campo e remarcar o jogo prá daqui a quinze ou mais dias.
A quem se quer beneficiar? Não é por aí. Deveria ser “como resolver a situação sem punir a quem não tem culpa”?
É uma página ROXA do nosso futebol.
Por: Adamar Gomes