O 29 de dezembro de 2022 será lembrado como o dia da morte de Pelé, aos 82 anos, o Rei do Futebol, ídolo mundial, que está entre as personalidades mais conhecidas do planeta. Edson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações (MG), no dia 23 de outubro de 1940.
Nos seus primeiros chutes nos campinhos de “pelada”, chamava a atenção pela sua habilidade no trato com a bola, algo que o diferenciava dos demais garotos de sua idade. A chegada ao Santos foi questão de tempo. Uma carreira meteórica. Estreou com 15 anos e, com dez meses de carreira, figurava na lista dos convocados para a Copa do Mundo.
Um jogador completo: domínio da bola, arrancada, velocidade, força física, preparação de jogadas e finalizações de toda sorte, gols de cabeça, chutes com a direita ou esquerda, de bicicleta, enfim, um repertório próprio de craque. Era a genialidade do craque do século, do melhor do mundo de todos os tempos. Os números dizem tudo: 1283 gols em suas 1363 partidas.
O Santos possuía um ataque espetacular e com a chegada do garoto Pelé, ganhou uma força ainda maior, tornando-se fenomenal, pois era difícil segurar Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe.
No futebol acontece muita coisa interessante. Tivemos muitas equipes com excelentes jogadores, mas que não conseguiram fazer o que Santos fez. Além do material humano, o esporte da bola exige o entrosamento entre os participantes do time. As peças têm que estar encaixadas e, com o Peixe, isso ocorreu.
Vieram as conquistas de Libertadores e Mundial de Clubes, nos anos 1962 e 1963, numerosas excursões para diversos países, que queriam ver de perto o menino prodígio e o timaço brasileiro, que passou a ser o mais procurado para amistosos internacionais.
Mesmo os torcedores não-santistas, admiravam aquele futebol vitorioso, que levava o nome do Brasil para o mundo inteiro, com Pelé e companhia. Com o Santos, a bilheteria estava garantida em qualquer Estádio, além da Vila Belmiro, tanto é que mandava jogos no maior do mundo na época, o lendário Maracanã.
E o garoto Pelé chegava à Copa do Mundo com apenas 17 anos. Ao vencer a primeira contra a Áustria e tropeçar no segundo jogo, empatando com a Inglaterra, Vicente Feola não teve dúvida em buscar no banco de reservas a solução para mudar a situação. Aí vieram Pelé e Garrincha, que mudaram da água para o vinho, o “escrete” brasileiro, que conquistaria o seu primeiro mundial em 1958, na Suécia.
A genialidade de Pelé mudou o olhar do mundo, quanto a forma de se jogar futebol. Os considerados gigantes da época tiveram que se curvar perante a habilidade dos nossos jogadores, que praticavam algo diferente daquilo que se conhecia do esporte bretão. Eram jogadas maravilhosas, dribles desconcertantes e gols, muitos gols de belíssima feitura, como aquele que o Rei fez contra o País de Gales, “chapelando” o zagueiro e batendo de primeira no canto. Foi o seu primeiro gol em Copa do Mundo.
Brasil pegou o embalo e quatro anos depois, no Chile, levantava novamente a “Jules Rimet”, mesmo com o Rei atuando em uma partida e meia, por conta de lesão.
Oito anos depois, a inesquecível Copa de 1970 no México, o tricampeonato, que valeu a conquista definitiva do “caneco”. A melhor Seleção de todos os tempos. Zagalo conseguiu colocar os melhores jogadores, encaixando todos eles, mesmo tendo que alterar alguns conceitos de posicionamento e lá estava o insuperável Rei do Futebol, Pelé. Definitivamente, a Copa de 70 foi um marco importante, que colocou prá valer o Brasil, no topo.
Pelé deixou o futebol em 1977 e se tornou um divulgador do Brasil, pelos seus contatos publicitários, suas visitas a personalidades do mundo inteiro. Foi recebido por Rainha, Rei, Papa e governantes de países importantes. Espalhou o nome da pátria brasileira em todos os rincões.
Lembranças do Rei
Acompanhei a Copa do Mundo de 1958 pelo radinho. Ainda não entendia muito de futebol, mas gostava do rádio, das narrações e queria saber como seria a participação do Brasil, que ainda não havia conquistado títulos. Falava-se muito no garoto Pelé e a possibilidade de sua presença na Copa, como de fato ocorreu com um sucesso retumbante.
Quatro anos depois, também pelo rádio, torcia pelo bi, mas temia pelo pior, depois que o Rei se contundiu – uma distensão na coxa esquerda – e foi substituído por Amarildo, que fez um grande mundial.
E veio a grande Copa do Mundo disputada no México, pela primeira vez, em 1970. O verdadeiro show do futebol brasileiro, com Pelé e companhia (e que companhia… Rivelino, Jairzinho, Gerson, Tostão, Clodoaldo). Ninguém segurava mesmo aquele time, o melhor de todos os tempos. Fomos brindados com um grande espetáculo, agora com a possibilidade de assistir pelas imagens da TV. Inesquecível.
Como memorável foi o milésimo gol de Pelé no dia 19 de novembro de 1969, vitória do Santos sobre o Vasco da Gama, em pleno Maracanã, por 2×1. Pelé deu a volta olímpica, foi aplaudido de pé, como o autêntico Rei do Futebol.
Se não tive oportunidade de narrar um gol de Pelé, como muitos outros narradores tiveram, pelo menos vi o Rei jogar, bem de perto. Fiquei impressionado com a sua maneira de, sem a bola, se movimentar em campo, completamente ligado em tudo o que estava acontecendo à sua volta. É diferente! É gênio! É Rei!
Repercussão
A notícia da morte de Edson Arantes do Nascimento, aos 82 anos foi destaque no mundo inteiro e nem poderia ser diferente. O Rei lutava contra uma terrível enfermidade e o quadro se agravou no último mês, quando teve que ser internado. Os votos de pesar chegam de toda a parte e de todos os setores, não somente do mundo da bola.
Certa vez, em uma entrevista, Pelé disse:
“O Édson, morre, mas Pelé, não”.
Pelé é eterno!
Prod.: Adamar Gomes